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domingo, 19 de dezembro de 2010

...E TOCA A VIDA PRA FRENTE QUE ATRÁS VEM GENTE!

Conversava outro dia com uma amiga que não via há muito tempo. Após uma sessão de "você não mudou nada" (como se fosse possível) e "como vai sua mãe, seu cachorro, etc, etc, etc," começamos a sessão "recordar é viver". 
Em pouco tempo a alegria que minha amiga havia demonstrado sentir ao me ver, foi dando lugar a um desconforto que podia ser sentido à distância.
Ela começou a falar do marido. Por um momento pensei que ela tivesse se casado uma segunda vez, pois não só conheci  o primeiro companheiro, como acompanhei o namoro e noivado dos dois. Era dessa mesma pessoa de quem ela falava. Ela me contou que Ronaldo (nome que aqui darei ao infeliz) havia mudado muito. Aquele estudante de matemática, deu lugar a um sisudo e frustrado funcionário público, que alternava entre a cerveja de TODO fim de tarde que só terminava já no meio da noite, com a cerveja tomada no sofá da sala assistindo ao jornal da Globo, lá pelas tantas. Que também já não jogava a pelada com os amigos, mas frequentava a quadra aos fins de semana para "tomar umas" porque afinal de contas "ninguém é de ferro". Disse também com amargura, que Ronaldo havia desistido de construir no terreno do interior aquela casinha para a velhice. Que conversava pouco ou nada com ela e que ela desconhecia seus planos futuros, mas que achava mesmo que ele não mais os possuía.
A tardinha foi caindo, dando lugar para a noite e nem nos demos conta. Quando demos por nós, minha amiga se assustou e disse ter de chegar rápido em casa para  fazer o jantar de Ronaldo; não que ele fosse jantar em casa, mas era a sua "obrigação" e ela não queria dar seu direito para os outros falarem dela.
Aquele cara que escrevia bilhetes em guardanapos de papel nos bares do entorno da faculdade, que tocava violão e gostava de cinema, MORREU.
Os elogios e "cantadinhas baratas" que encantaram minha amiga há vinte e tantos anos atrás, calaram-se, perderam o encanto. E o príncipe virou sapo.
Só posso terminar  esse relato da minha tristeza e indignação quanto ao desdobramento da vida de minha amiga, com uma palavra de motivação: Reaja, amiga! 
Se alguém morreu ao seu lado, enterre e continue a tocar sua vida para a frente porque atrás vem gente!!!!!!!!!